"Eu fico com a pureza da resposta das crianças" já dizia o saudoso Gonzaguinha. E é a mais pura verdade. Dia desses participei de uma atividade de integração. Na sala, havia umas 10 crianças entre 3 e 12 anos de idade e pelo menos o mesmo número de adultos. A ideia era escolher um coração de papel, as opções em diferentes cores, escrever de um lado o nome e do outro do que o coração estaria cheio. Os adultos sempre pensam bastante para escrever, claro tem que fazer várias considerações e reflexões. A criançada é rápida, espontânea e pronto.
Depois, cada um escolhia um e lia o nome da pessoa e o do que seu coração estava cheio. Me encantei com a criançada. É muito amor! Uma pureza que contagia, que nos leva a pensar e buscar respostas. Afinal, por que o mundo está deste jeito se as crianças, os seres mais puros deste planeta estão com seus pequenos corações cheios de amor? Onde nós, os adultos inteligentes, estrategistas, que sabem tudo, que estudam, pesquisam, confabulam, onde nós nos perdemos? Em que momento deste crescimento, que passam as crianças para as outras fases da vida, elas perdem este amor? Onde nós estamos errando quando as crianças trocam o amor do coração pela intolerância, o preconceito, a violência, as drogas, a incompreensão, o materialismo exagerado quando passam para a vida adulta? Sim, porque nós já fomos crianças. Nós já estivemos neste papel. Mas ao analisar os acontecimentos diários, percebemos que tem algo errado. Crescemos e perdemos o que tínhamos de mais belo. Criança não faz diferença. Criança não entende as diferenças, porque para elas somos todos iguais.
Quem está contaminando o mundo somos nós, os adultos. E precisamos urgentemente olhar para a infância, entender que para mudar o caminho que estamos trilhando com dores, violência, intolerância, e muitas lágrimas temos que investir na criança e no que o ser humano tem de mais puro: o coração, o sentimento.
Em que momento dissemos às nossas crianças que o dinheiro é mais importante que o afeto? Em que momento demonstramos a eles que cor da pele, situação financeira, país de nascimento, orientação sexual diferem as pessoas? Elas não entendem essa categorização. Não, não precisamos dizer. Criança aprende pelo exemplo. São nossas atitudes que estão formando nosso futuro. Continuo acreditando que a educação é a porta mágica para um mundo mais humano e muito mais fraterno.
Temos que nos despir de nossos pré-conceitos e deixar que as crianças nos ensinem como conduzir este planeta. Malala Yousafzai sempre disse que apenas um lápis, um livro e um professor poderiam mudar o mundo.
Então, o que nós podemos fazer pelas crianças do Brasil, ou mais próximo, da nossa aldeia? Podemos lutar e exigir uma educação de qualidade, com tempo integral nos locais em que a vulnerabilidade social ameaça a dignidade. E quando elas não estão na escola, podemos sim propor, fazer, realizar ações em que a cultura e o esporte possam estar presentes em suas vidas. Isso faz muita diferença. Para elas e para nós!